Desde 2009, tenho convivido com um estado de saúde precária. Calma, isso não significa que estou na iminência de ter um troço qualquer (embora ninguém tenha essa certeza). Mas, até segunda ordem, a saúde precária a que me refiro não significa um quadro de crise ou urgência médica. Significa não conseguir se sentir bem, sem dores, desconfortos ou mal-estar. Não quero fazer disso um drama, mas utilizar tal condição para fazer algumas reflexões com as quais me bato, no bom sentido.
Só para explicar melhor o quadro, nos últimos dois anos, em resumo, passei a sofrer dois problemas de saúde mais desagradáveis, um na área urológica (infecções urinárias) e outro no meu estado clínico geral (dores no corpo). Ambos estão relativamente bem equacionados, até porque depois de vários médicos e remédios tentados sem grande sucesso, temos que aceitar e aprender a conviver com os problemas. Mas o fato é que passei a ter limitações para atividades que já fazia quase que naturalmente depois da lesão medular, como viajar, dar palestras, sair, trabalhar fora de casa e por aí vai.
Como qualquer pessoa, senti e ainda fico triste e com raiva em função desta, guardadas as proporções, “segunda lesão medular”. Mas, assim como aconteceu nos primeiros anos que se seguiram a 1995, nosso corpo e mentem vão desenvolvendo mecanismos físicos e emocionais de defesa, que nos permitem seguir em frente. Aliás, isso não é um privilégio meu, já que todas as pessoas, em maior ou menor medida, precisam desses mecanismos para viver, controlar a ansiedade, diminuir a tristeza e o desânimo, valorizar as coisas boas da vida.
Estou com medo deste texto virar um panfleto de auto-ajuda, mas vou me arriscar a falar um pouco mais sobre esses mecanismos de defesa. Fisicamente, mesmo que se tolere a dor, é preciso buscar desde terapias alternativas, como a acupuntura, até formas de relaxar, dormir, se vestir e se acomodar que possam minimizar a dor. No campo emocional, a receita é velha e conhecida: é preciso ocupar a cabeça, seja trabalhando, estudando ou numa atividade de lazer. Há ainda o recurso à espiritualidade ou à religiosidade, mas particularmente esta é uma opção que não me conforta muito.
No fundo, cada um desenvolve suas estratégias para continuar vivo. Mais do que pensar sobre elas, o importante é saber que elas existem. Tanto aquilo que devemos procurar fazer (até instintivamente), como aquilo que não devemos fazer, como reclamar todos os dias das nossas dores e mazelas, da nossa infelicidade ou infortúnio. Isso pode até parecer justificável, mas é uma prática egoísta e egocêntrica, que faz mal a nós mesmos e também aqueles que estão a nossa volta.
Mesmo com a saúde precária, muitas coisas boas aconteceram nos últimos dois anos. Terminei o doutorado, eu e a Regina nos mudamos aqui para Barão Geraldo, nasceu o meu sobrinho...só para citar algumas. E é assim, de novo, para todos nós: não há felicidade ou tristeza que sejam plenas, absolutas ou continuas.
Chega, talvez eu já tenha descambado para a auto-ajuda. Vou terminar apenas com dois exemplos que me inspiram bastante: meu pai, seu Ruy, com praticamente 60 anos; e meu sogro, seu Mendonça, na casa dos 80 anos. Dentre vários filmes que ele adora, meu pai tem predileção especial por Naufrago, com Tom Hanks. A percepção de que temos que continuar respirando, dia após dia, porque a gente nunca sabe o que maré pode nos trazer, é perfeitamente representada neste filme. Sem dúvida é uma motivação para irmos em frente. Já seu Mendonça nos ensina, de uma maneira simples e sábia, que "enquanto continuam nos esquecendo por aqui", temos que viver!
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ResponderExcluirDe: Vinicius Garcia
Data: 5 de julho de 2011 14:53
Assunto: Re: novo texto
Para: Daniel Höfling
Valeu Dani, abraço!
Em 4 de julho de 2011 18:10, Daniel Höfling escreveu:
Vc é guerreiro !!!!!!!!!!!!!!!!!!
Daniel de Mattos Höfling
---------- Mensagem encaminhada ----------
ResponderExcluirDe: Vinicius Garcia
Data: 5 de julho de 2011 13:12
Assunto: Re: novo texto
Para: fabianaguerra@gmail.com
Oi Fabi,
obrigado por suas palavras e por sua mensagem! Assim que der vou lhe escrever com calma, mas, para adiantar, concordo bastante contigo! Depois vou lhe contar, mas já abandonei os antibióticos para tratar das infecções urinárias....
A gente se fala...
Bjs,
Vi.
Em 4 de julho de 2011 21:26, escreveu:
Oi Vinicius, tudo bem?
Aqui é a Fabi.
Tenho acompanhado seu blog e tenho gostado muito dos momentos em que você se abre e conta coisas mais pessoais. Sempre gostei de autores que escrevem como num diário, e o seu está cada vez melhor.
Bem, mas na verdade estou escrevendo porque tenho lido sobre seus problemas de saúde, como dores no corpo e infecções urinárias. Sei que você deve estar se tratando com antibióticos e os tratamentos médicos tradicionais.
Oi Vini!
ResponderExcluirVocê continua nos dando um exemplo de força, de perseverança e de otimismo.
E difícil comentar um texto como este, profundo e pessoal.
Gostaria ao menos deixas registrado aqui o que você ja' sabe ha' muito tempo: tenho uma grande admiração por sua luta e pela sua filosofia de vida.
Grande abraço,
Nano
Fala Nano!
ResponderExcluirValeu cara, obrigado pelas palavras de apoio e carinho!
Vamos juntos nessa...e a gente se encontra em Agosto!
Grande abraço,
Vini.
Via Facebook:
ResponderExcluirFernando Cunha e Maria Lúcia Garcia curtiram isso.
Vinicius Gaspar Garcia Valeu Nando, legal encontrar contigo por aqui!