Tenho implicância com times de futebol sem tradição, com torcidas praticamente inexistentes e mantidos muitas vezes por recursos de Prefeituras e/ou “empresários”. Torço contra mesmo, pois o êxito de times assim pode estimular novas artificialidades, em detrimento de equipes com história, raízes nas suas cidades e estimuladas pela paixão fiel dos seus torcedores. Infelizmente, porém, tem crescido o número de equipes artificiais, que serão “homenageadas” aqui com o meu texto.
Posso estar enganado, mas isso parece ter começado com o São Caetano, no ABC paulista. Na Copa João Havelange, equivalente ao Campeonato Brasileiro de 2000, este time apareceu e foi longe na competição, ganhando de equipes como o Fluminense e o Palmeiras. Fiquei curioso, e quando fui pesquisar descobri que o chamado “azulão” era mantido basicamente pela Prefeitura local. A torcida, cujos principais expoentes eram simpáticos velhinhos com a alcunha de “bengala azul”, não chegava a média de 500 testemunhas por jogo. Torci o nariz.
A antipatia aumentou porque o São Caetano acabou virando a “asa negra” do Corinthians, no lugar do Juventus que ocupava esse papel nas décadas anteriores (mas este um time tradicional da Mooca paulistana). O “azulão” deve ter retrospecto equilibrado ou até positivo contra Corinthians...que raiva! E quando eles chegaram na final da Libertadores em 2002?! Pensei assim: putz, fogos e desmaios na “bengala azul” e a Gaviões da Fiel “chupando o dedo”? Vibrei demais com a vitória do Olímpia, do Paraguai, em pleno Pacaembu.
Devem ter aparecidos outros ao longo da década e hoje temos exemplos diversos de times artificiais, como o recém criado Americana (que antes era o Guaratinguetá), com dinheiro da Prefeitura e média de público ridícula. Aliás, se for para subir algum paulista para a série A, que seja a Portuguesa, a Ponte ou o Guarani, não o Americana. Agora, quem merece uma atenção especial na discussão sobre times de mentira é o Grêmio Barueri, ou Prudente, ou Barueri de novo?
Pois é, o chamado “Grêmio Itinerante”, na ótima definição de Mauro Cesar Pereira da ESPN Brasil, muda de cidade de acordo com as conveniências financeiras. Tudo haver com paixão clubística e a magia do jogo, não? E o pior é que o time de Barueri teve uma ascensão meteórica da quinta para primeira divisão do Campeonato Paulista, turbinado com o apoio da Prefeitura. Torcida? Quem mora em Barueri torce por um dos grandes da capital e, em menor medida, para o Santos.
Depois de desentendimentos com a política local, não é que o Grêmio Barueri, ano passado, mudou-se para Presidente Prudente? Foi disputar o Campeonato Brasileiro da primeira divisão, e virou Grêmio Prudente. O pessoal da cidade até se animou um pouco, pois Prudente teria um time na elite do Nacional. Mas a aventura foi rápida, pois o Grêmio Prudente caiu para segunda divisão e sua diretoria achou melhor....voltar para Barueri. Curiosidade: o time tradicional da cidade é o Corinthians de Prudente....esses times artificiais me perseguem!
Quero deixar claro que não se trata de preconceito com times menores, já que a admiro a história de equipes que estão numa draga danada, como a Ferroviária de Araraquara, o XV de Jaú ou o América do Rio. Mas é que clubes grandes, com tradição e torcida, fazem bem ao espetáculo futebol. São muitas vezes mal organizados e mal administrados, mas certamente não artificiais.
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