terça-feira, 11 de setembro de 2012

Correria

Pessoal, em função das eleições municipais e questões de trabalho, não tenho conseguido escrever aqui no blog. Mas acredito que, a partir de meados de Outubro, consigo voltar a escrever com mais frequência. Abraços a todos!

segunda-feira, 13 de agosto de 2012

Duas pratas, dois pesos e duas medidas (por Julian Martinez, vulgo "Rolha")


Acabamos de encerrar as olimpíadas com duas derrotas em finais de esportes coletivos masculinos: futebol e vôlei. Duas medalhas de prata, ambas doidas, mas com circunstancias diferentes, e reações bem opostas, por parte do público e da imprensa. 
No futebol a derrota na final se sucedeu de um esperado bombardeio aos jogadores e ao técnico. Salto alto, falta de atitude, falta de comprometimento, patriotismo, foram os motivos mais alegados para o fracasso contra os mexicanos. Raramente se falou em limitação técnica dos jogadores. Mérito ao adversário então, nem pensar. 
No vôlei a derrota veio de forma dramática, com uma virada incrível após o time ter estado, por duas vezes, a um ponto de ganhar por três a zero. A principio um prato cheio para se falar em soberba, já ganhou, falta de seriedade. Porém, a reação foi de tristeza, acompanhada de reconhecimento à genialidade do técnico russo que mudou o time, e exaltação aos jogadores brasileiros, elogiados pela campanha e pela luta em quadra. 
Estamos, portanto, diante de um misterioso relativismo na forma de analisar o futebol e o vôlei brasileiro. Será que não houve erros nem falta de seriedade no vôlei? Será que não há qualidade nenhuma na seleção mexicana de futebol? 
Na final do vôlei, quando o Brasil estava prestes a ganhar o terceiro set e o jogo, Dante se contundiu, dando lugar ao veterano Giba, que mal tinha entrado em quadra durante o torneio, sendo um mero espectador. Um craque do vôlei, mas atualmente fora de forma, e sem ritmo algum de competição, que acabou errando todas as bolas que teve, permitindo a reação dos russos. Quando critiquei a escalação do Giba, amigos retrucaram dizendo que não havia outra opção, isentando o Bernardinho de qualquer culpa no episódio. Ninguém questionou se o Giba, um ex-jogador, deveria ter sido convocado em vez de alguém em melhores condições.
Na final do futebol o México abriu o placar aos 30 segundos após uma falha do lateral Rafael e do volante Sandro. A execração de ambos foi quase unânime, assim como do técnico Mano Menezes por tê-los levado a Londres. Em nenhum momento se questionou se haveria opções melhores, e muito menos se disse quais seriam essas opções. Também não houve elogio algum à postura ousada do México, que adiantou a marcação e com isso anulou a saída de bola da seleção brasileira.  
No campo estético, o cabelo do Neymar tem sido execrado constantemente, transformando-se num símbolo de molecagem, irresponsabilidade e falta de atitude, ainda que o jogador tenha comparecido a todos os treinos e suado a camisa nos jogos. Ao mesmo tempo, Giba se apresentou ao público com um ridículo bigode, mas nada se reprovou nisso. 
Nossa cultura, historicamente, considera que somos os melhores no futebol, independentemente de quem nos representa em campo. Isso faz com que o Brasil tenha a obrigação de ser campeão em tudo o que disputa. Quando se ganha, a festa é acompanhada da sensação de dever cumprido. Já as derrotas sempre são explicadas por falhas, salto alto, falta de comprometimento, ou até compra do resultado por interesses obscuros. O Brasil jamais admite a superioridade do adversário no futebol. Foi assim nas copas de 98, 2006 e 2010, para ficar nas mais recentes. O vôlei, por sua vez, tem sido campeão da maioria dos campeonatos disputados nos últimos tempos, comprovando, este sim, sua superioridade em relação a outros países. Ou seja, um prato cheio para se apelar a fatores extra-quadra em caso de derrota. Hoje a seleção do Bernardinho perdeu a segunda final olímpica consecutiva. Ainda assim, não há críticas, não há suspeitas. O choro dos perdedores neste caso é motivo de emoção e reconhecimento por parte da mídia, e não de escárnio e desprezo como fazemos com o pessoal do futebol. 
Devemos apenas elogiar os medalhistas de prata? O devemos só execrá-los? Nenhum dos dois. Devemos, sim, entender e aceitar algumas verdades que historicamente não enxergamos:
1) o Brasil não é eternamente superior a todos no futebol. As vitorias brasileiras sempre se basearam no talento individual, que hoje é escasso. Neymar, Oscar, e outros, são grandes jogadores, mas abaixo dos talentos que nos deram títulos no passado.
2) outras seleções de futebol podem, sim, ser superiores ao Brasil. O México provou isso ontem, jogando melhor, e tendo jogadores mais eficientes e com maior qualidade. A torcida e a mídia, com sua histórica arrogância, se recusam a olhar o que há de bom nos outros. Nunca ouvimos falar dos craques mexicanos porque simplesmente não nos interessamos por nada além do que é nosso.
3) no futebol, muito mais do que em qualquer outro esporte, há a probabilidade do pior vencer, mesmo que isso não seja por soberba do time superior. O histórico de zebras no futebol é imenso. 
4) não ligamos para vôlei, e para nenhum outro esporte além do futebol, fora das olimpíadas. Não conhecemos nenhum jogador de vôlei além dos que estiveram em Londres, o que nos impede de ser tão críticos como somos no futebol. Somos incapazes de questionar se o Bernardinho deveria ter levado outro jogador em vez do Giba, porque não sabemos quais são as opções, onde jogam e em que situação estão. Nosso desconhecimento nos faz condescendentes no vôlei. Mas nosso desconhecimento em relação a outras seleções de futebol não causa o mesmo comportamento.
5) não torcemos por times de vôlei, apenas pela seleção nas olimpíadas. Isso nos atenua o ódio, a rivalidade clubística oculta nas criticas aos jogadores de futebol. Corintianos detestam Neymar, gremistas não poupam Damião e Oscar, e por aí vai. No vôlei todos gostam de todos, são apenas brasilieiros. 
6) como os jogadores de vôlei não estão na mídia, não sabemos se são baladeiros, mulherengos, se faltam aos treinos de seus times. Não sabemos e não nos interessa. 

Idolatramos a seleção de vôlei e seu técnico. Semana que vem esqueceremos deles até 2016, enquanto o campeonato brasileiro de futebol e seus jogadores continuarão na capa dos jornais.

quarta-feira, 25 de julho de 2012

Previsão Medalhas Brasileiras em Londres 2012

Um ano atrás escrevi um texto sobre o tema, prevendo 17 medalhas para o Brasil nas Olimpíadas. Às vésperas dos Jogos, atualizo a previsão, embora não dê para imaginar que o Brasil fica fora de uma faixa entre 15 e 20 medalhas. Mas vamos lá:

Futebol - 2 medalhas
Vôlei - 1 medalha (feminino)
Basquete -1 medalha (masculino)
Vôlei de Praia - 2 medalhas
Judô - 4 medalhas (Sarah Menezes, Rafaela Silva, Mayra Aguiar e Leandro Guilheiro)
Natação - 3 medalhas (Cielo duas e Felipe França)
Atletismo - 2 medalhas (Fabiana Murer e Revezamento 4 x 100 m livre masculino)
Vela - 2 medalhas

Pronto: 17 medalhas. Ouro, Prata ou Bronze eu não sei, mas vou conferir depois.

Por fim, interessante que a Record quebrou o monopólio da Globo e vai passar os Jogos, mas ainda bem que ESPN-Brasil e SporTV transmitem!

quarta-feira, 11 de julho de 2012

Corinthians e Cinema

Corinthians campeão da Libertadores


Sei que o tema mereceria um texto, mas quase tudo já foi dito, escrito, analisado e, acima tudo, sentido! Confesso que às vezes, do nada, estou trabalhando, assistindo um filme ou qualquer outra coisa e penso: nossa, o Corinthians foi campeão (INVICTO) da Libertadores! Foi, merecidamente, sem contestações. Pode ser que meu lado torcedor esteja falando mais alto, mas tenho a sensação de que agora "abriu a porteira". Estrutura com um centro de treinamento, estádio próprio, fortes categorias de base, verbas milionárias da TV, uma torcida numerosa e apaixonada. Gerindo corretamente estes ingredientes, em 10 dez anos, seremos o time brasileiro com mais títulos da Libertadores. Esta feita e registrada a aposta.

Dicas de Cinema


Cultura é um tema que quase nunca aparece aqui no blog, mas tenho me convertido, cada vez mais, num amante do Cinema. Na última semana, assisti novamente 3 filmes simples e singelos, com orçamentos pequenos, mas extremamente tocantes: Sideways - Entre umas e outras (2004), Pequena Miss Sunshine (2006) e Juno (2007). Histórias humanas, para o bem e para o mal, que nos fazem rir e chorar.

Aproveitando o embalo, deixo aqui a lista dos meus cinco diretores de cinema favoritos na atualidade. Confesso que antes não percebia a importância do diretor, mas é só selecionar o que cada um já fez para encontrar um certo padrão de qualidade, um modo de fazer cinema, de contar histórias. São eles, não necessariamente na ordem de preferência: Woody Allen, Clint Eastwood, Joel e Ethan Coen, Juan José Campanella (argentino) e Alejandro González Inãrritu (mexicano).

Bom pessoal, por enquanto é só isso. Confesso que estou sem muita paciência para temas políticos e econômicos. Acho que é esse frio danado que aumenta as dores no corpo e exige do espírito tópicos mais leves e prazerosos.

terça-feira, 3 de julho de 2012

Quem e quantas são as pessoas com deficiência no Brasil?


Responder a essa pergunta não é tarefa simples, trivial ou consensual, nem mesmo depois que o IBGE passou a incluir nos Censos Demográficos a temática da deficiência e incapacidade funcional. Isso ocorre por uma razão muito simples: variam os critérios para definição de quem são pessoas com deficiência no Censo e, por exemplo, para fazer jus as vagas reservadas no mercado de trabalho via “Lei de Cotas”.

Em poucas palavras temos, de um lado, critérios técnicos, clínicos e objetivos para definir o direito ou não de usufruir uma série de direitos; de outro, uma auto-declaração subjetiva sobre graus variados de dificuldades para determinadas ações.

De maneira geral, quando pensamos em pessoas com deficiência de imediato remetemos aos cadeirantes, cegos, pessoas com deficiência auditiva e/ou deficiência intelectual/cognitiva. Tal contingente de pessoas representa exatamente o mesmo universo apurado pelo IBGE no Censo Demográfico? Não, é preciso ter cautela e usar os dados com discernimento.

De maneira correta, pois o recenseador não poderia inquirir tecnicamente as pessoas sobre sua deficiência ou exigir laudo médico para sua comprovação, o IBGE solicita uma avaliação funcional sobre o grau de dificuldade das pessoas para andar/subir escadas, ouvir e enxergar, além de uma pergunta direta sobre a deficiência mental/intelectual. O entrevistado, assim como faz para outras variáveis como renda ou trabalho, responde se tem total, grande ou alguma dificuldade permanente para realizar tais ações (ou se não tem nenhuma dificuldade).

Houve uma pequena mudança, mas é possível compatibilizar os dados do Censo de 2000 e 2010 e apresentar a seguinte tabela:

Tabela – População segundo tipo de deficiência – Brasil 2000 e 2010
Tipo
Categorias
2000
2010
N (1.000)
%
N (1.000)
%


Deficiência mental permanente
Sim
2,845
1.7
2,612
1.4
Não
166,472
98.0
188,100
98.6
Ignorado
556
0.3
44
0.0


Capacidade de enxergar (permanente)
Incapaz
148
0.1
506
0.3
Grande dificuldade
2,436
1.4
6,057
3.2
Alguma dificuldade
14,061
8.3
29,211
15.3
Nenhuma Dificuldade
152,667
89.9
154,915
81.2
Ignorado
561
0.3
67
0.0


Capacidade de ouvir (permanente)
Incapaz
166
0.1
344
0.2
Grande dificuldade
883
0.5
1,799
0.9
Alguma dificuldade
4,686
2.8
7,574
4.0
Nenhuma Dificuldade
163,474
96.2
180,992
94.9
Ignorado
664
0.4
47
0.0


Capacidade de caminhar/subir escadas (permanente)
Incapaz
574
0.3
734
0.4
Grande dificuldade
1,773
1.0
3,699
1.9
Alguma dificuldade
5,593
3.3
8,832
4.6
Nenhuma Dificuldade
161,426
95.0
177,440
93.0
Ignorado
507
0.3
50
0.0


Classificação
Pessoa com deficiência
7,066
4.2
12,749
6.7
Pessoa com limitação funcional
17,196
10.1
32,857
17.2
Pessoa sem def. ou lim. func.
144,308
85.0
145,085
76.1
Ignorado
1,303
0.8
65
0.0






Fonte: microdados do Censo Demográfico, IBGE.

No meu entendimento, tentando fazer um exercício para aproximar os dados do Censo daquele conjunto de pessoas com deficiência, digamos, “tradicionais”, é mais correto incluir nessa categoria apenas aqueles que declararam “total” ou “grande” incapacidade para andar, ouvir ou enxergar, além dos que disseram “sim” sobre a deficiência mental/intelectual. Dessa forma, excluímos desse grupo aqueles que disseram ter apenas “alguma dificuldade”, chamando-os de pessoas com “limitação funcional leve”.

Procedendo dessa forma, o número de pessoas com deficiência no Brasil teria variado de 7,0 milhões em 2000 para 12,7 milhões em 2010, representando 6,7% da população. Já o contingente de pessoas com limitação funcional foi de 17,2 milhões em 2000 para 32,8 milhões em 2010 (17,2% da população).


Importante: reparem que o governo, entidades, movimento social e mesmo pesquisadores, na grande maioria das vezes, não fazem esta distinção. Consideram-se “pessoas com deficiência” todos que declararam qualquer nível de incapacidade: 24 milhões em 2000 (14,3% da população) para 45,6 milhões em 2010 (24,0% do total de brasileiros). Assim, ao lançar o programa Viver sem Limites, o Governo Federal fala em atender aos 45 milhões de brasileiros com deficiência; ao mesmo tempo que entidades e ONGs chamam atenção e alertam para o fato de que a deficiência atinge ¼ da população brasileira em 2010.

Me parece uma certa imprecisão, uma tentativa de “forçar o argumento”, tanto de um lado como de outro.

Estou dizendo com isso que a questão da deficiência é menos importante? Claro que não. Primeiro porque, mesmo com critérios mais restritivos, estamos falando de 12,7 milhões de pessoas com deficiência no Brasil (6,7% da população). Segundo, na verdade, não importa se somos cinco, dez ou 50 milhões, quando falamos em acessibilidade ou em sociedade inclusiva, falamos de todos, sem distinção.

Por último, reconhecemos hoje a importância em quantificar e identificar a realidade sócio-econômica dos milhões de pessoas com deficiência no Brasil, especialmente para o balizamento de políticas públicas. Mas o nosso horizonte deve ser um futuro em que não seja preciso categorizar os indivíduos, classificar a deficiência ou qualquer outro atributo pessoal, uma sociedade que seja, como diz o filósofo Vladimir Saflate, “indiferente às diferenças”, pautada pelo igualitarismo e justiça social.

sábado, 23 de junho de 2012

Imaginem o contrário

Eu sei que o assunto já está cansando e muito já foi dito, mas vira e mexe a foto volta na minha cabeça. E ontem, durante a insônia, pensei: e se fosse o contrário, Maluf aparecesse sorrindo ao lado de Serra e Alckmin.

Já imaginaram? O anúncio de Erundina como vice na sexta, dia 15. Tudo bem, ela está sendo endeusada agora e já cometeu erros político - como não apoiar Marta Suplicy no segundo turno em 2004. Mas a figura de Erundina remete ao povo nordestino forte, guerreiro e perseverante. A figura "intelectual e burguesa" de Haddad estaria complementada pela roupagem popular, pelo compromisso com os excluídos e marginalizados da sociedade.

Na segunda, dia 18, a foto: Maluf, Serra e Alckimin. A união perfeita entre o conservadorismo político/religioso com a plutocracia corrupta. A direita forte e unida, celebrando sua condição numa casa milionária nos jardins.

Não daria um ânimo para militância? Não daria gana para derrotar o inimigo - visível e estabelecido - no berço conservador e tucano da capital paulista?

Mas não, a realidade é outra. Ficamos com um minuto e meio a mais na TV, e a vergonha de uma foto para sempre.

quinta-feira, 21 de junho de 2012

Carta-compromisso para candidatos a prefeito de Campinas

Caso concorde, mandar no e-mail vggarcia30@gmail.com o nome completo e forma pela qual quer ser apresentado no documento. Adesões até 30 de Junho.


Carta-Compromisso pela Inclusão Social das Pessoas com Deficiência em Campinas

As pessoas e organizações abaixo assinadas defendem que a ação do Poder Público nas áreas de atenção e de garantia dos direitos das pessoas com deficiência no município deve ser qualificada e ter a participação das suas diversas instâncias de representação. Para tanto, sugerem que o seguinte compromisso seja firmado:
·          Valorização do Conselho Municipal dos Direitos das Pessoas com Deficiência (CMPD) como instância de controle social, por meio de representação ativa e qualificada do Poder Público, bem como oferta de capacitação sistemática para todos os conselheiros;

·         Fortalecimento, de fato, da Coordenadoria de Políticas Públicas de atenção às Pessoas com Deficiência como órgão inter-setorial de coordenação e planejamento, preferencialmente vinculada ao gabinete do Prefeito. Escolha democrática e com a participação do movimento social dos responsáveis pelo trabalho desta Coordenadoria;

·         Revisão, aperfeiçoamento e visibilidade das ações da Comissão Permanente de Acessibilidade (CPA) para que este colegiado funcione, na prática cotidiana, como promotor e fiscalizador da acessibilidade no município, preferencialmente vinculado à Secretaria de Planejamento. Cabe também a este órgão, em parceria com as demais instâncias de representação, propor um plano municipal de acessibilidade, identificando problemas e sugerindo soluções;

·         Redefinição do papel do Centro de Referência da Pessoa com Deficiência (CRPD) no sentido de considerar as novas diretrizes de Assistência Social (pasta onde foi criado este serviço), levando-se em conta a instituição da Coordenadoria de Políticas Públicas de atenção às Pessoas com Deficiência.

Nos campo das políticas públicas específicas, sempre garantindo a participação social no planejamento, execução e controle, e tendo como referência fundamental a Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência (Decreto Federal 6.949/09), sugerimos as seguintes ações nas respectivas áreas:

1 – Planejamento e Acessibilidade:
                - realizar mapeamento da acessibilidade na rede pública de ensino e de saúde identificando barreiras arquitetônicas, atitudinais, de comunicação e inadequação da infraestrutura dos ambientes e equipamentos;
                - cumprir o disposto no Decreto Federal 5.296/04 com o oferta de uma frota 100% acessível de ônibus no transporte público até o final de 2014;
                - adequação da acessibilidade nos serviços e nos espaços de uso público, garantindo assim plenas possibilidades de participação das pessoas com deficiência nas atividades e ações a serem realizadas pelo poder público ou pela iniciativa privada.
               
2 – Educação
- oferta do serviço de transporte escolar acessível;
- disponibilização de profissionais habilitados para o atendimento dos alunos com deficiência na rede pública de ensino nas diversas áreas e para todas as deficiências;
- efetivo cumprimento das políticas de educação inclusiva, com oferta de serviços de apoio como sala de recursos para deficientes visuais, intérprete de Libras (respeitando o Decreto Federal 5.625/05) e outros recursos necessários;
- fomentar a educação sob ótica dos direitos humanos, diversidade e cidadania, promovendo, por exemplo, discussões acerca da Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência na rede regular de ensino;
- em parceria com outras secretariais e mediante convênios com entidades certificadoras, desenvolver cursos de formação e capacitação para cuidadores/atendentes de pessoas com deficiência.

3 –Saúde
- disponibilização nos postos de saúde de medicação e material adequado e de qualidade para o uso das pessoas com deficiência;
- garantir acessibilidade predial, de equipamentos, tecnologia e comunicação em 100% das unidades de saúde do município;
-divulgação das ações da Câmara Técnica de Reabilitação;
- fortalecimento do Centro de Referência e Reabilitação (CRR) em Sousas como unidade de atendimento e reabilitação das pessoas com deficiência. Garantia da construção, no CRR-Souzas, da oficina própria de órteses e próteses – OPM, inclusive com a contratação de recursos humanos;
-criação de uma unidade de atendimento para crianças e adolescentes com alto grau de dependência;
- instituir política pública municipal de atendimento em domicílio para pessoas com deficiência;
-ampliação das ações do Centro de Desenvolvimento Infantil (CDI) – Fênix, como o início da “linha de cuidado da criança de risco”;
- desenvolver de forma permanente ações de prevenção às deficiências;
- oferecer serviços de fisioterapia, terapia ocupacional e psicologia nos postos de saúde, descentralizando assim os programas públicos de reabilitação.

4 – Transporte
                 - ampliação da capacidade de atendimento do sistema PAI-Serviço;
- promoção de campanhas de conscientização e intensificar a fiscalização quanto ao uso de vagas reservadas de estacionamento para pessoas com deficiência;
- introdução de recursos de acessibilidade voltados para pessoas com deficiência visual, como equipamentos sonoros que informam sobre linhas e itinerários do transporte coletivo;
- instalação em 100% dos semáforos de dispositivos sonoros que auxiliem as pessoas com deficiência visual, acompanhada da melhora da acessibilidade urbana em geral – com menos obstáculos – para circulação das pessoas com deficiência, especialmente física ou visual;
- fomentar atividades e ações em sintonia com a Lei 12.587/12, que estabelece uma política nacional de mobilidade urbana;
- conforme já colocado no tópico sobre planejamento e acessibilidade, cumprir o disposto no Decreto Federal 5.296/04 com a oferta de uma frota 100% acessível de ônibus no transporte público até o final de 2014.

5 –Assistência Social
- instituir Serviço de Proteção Social Básica no domicílio para pessoas com deficiência e idosas, conforme previsto na Tipificação Nacional dos Serviços Socioassitenciais
- fortalecer o Grupo de Trabalho Intersetorial e Interinstitucional visando a implantação de “Residências Inclusivas” no município;
- ampliar o acesso das pessoas com deficiência aos serviços socioassistenciais, intensificando a busca ativa dos beneficiários do BPC nos territórios.
- fortalecer a convivência comunitária e familiar;

6 – Trabalho e emprego
- aperfeiçoamento do processo de inclusão laboral dos trabalhadores com deficiência cadastrados no Centro de Apoio ao Trabalhador (CPAT);
- aumento da oferta de cursos de capacitação que possam incluir pessoas com deficiência, ampliando as chances de ingresso no trabalho;
- apoio institucional e parceria com os órgãos competentes no sentido de fortalecer a fiscalização e cumprimento da “Lei de Cotas” (8.213/91), que garante vagas reservadas às pessoas com deficiência no mercado de trabalho formal.

7 - Esportes
- construção ou adaptação de ginásio poliesportivo que permita sua utilização por atletas com deficiência;
- incentivos através de bolsas e programas de apoio para atletas com deficiência de alto rendimento, tendo em vista a participação em grandes eventos esportivos;
- capacitação de profissionais de educação física para o atendimento de alunos com deficiência;
- oferta de atividades públicas e gratuitas que possam estimular a prática esportiva nas pessoas com deficiência.

8- Cultura
- mapeamento da acessibilidade – ou falta dela – nos espaços culturais do município, como teatros, museus, cinemas, parques e outros;
- assim como na esfera esportiva, promover atividades públicas que possam estimular a realização de práticas artísticas e culturais por pessoas com deficiência;
- valorizar e dar suporte, também com bolsas e financiamentos, para iniciativas que fomentem a atividade cultural inclusiva.



Finalmente, como forma de melhor qualificar e dimensionar todas as intervenções do Poder Público, a realização de um censo específico para a identificação e quantificação das pessoas com deficiência no município de Campinas (projeto este que já está previsto em legislação municipal).

--------------------------------------------------------------------------------------------------------------
Ao assinar este documento, assumo a responsabilidade de trabalhar para que as diretrizes e demandas nele contidas sejam alcançadas a partir de minha posse em 1º. De Janeiro de 2013.
__________________________
Candidato X – Partido Y
Campinas, data

quinta-feira, 14 de junho de 2012

Santos x Corinthians – Crônica (de um chato) sobre o jogo


Faz muito tempo que assisto aos jogos do Corinthians da mesma forma: em casa, no meu quarto, deitado na cama e tendo só a Regina como companhia (que geralmente vê o primeiro tempo, mas dorme no segundo). Às vezes, sinto falta de estar com amigos (ou “inimigos secadores”), tomando cerveja, comendo amendoim, num bar ou outro lugar. Mas a gente se acostuma e, na verdade, como torcedor, faz disso uma espécie de ritual, como se fosse possível se sentir mais seguro ou menos nervoso por estar repetindo esta rotima.

No jogo de ontem, não foi diferente. Passei um dia complicado, com dores no corpo mais fortes do que o habitual. Quis deitar cedo, e às 18h00 já estava na cama.Fiquei enrolando vendo uns programas de esporte, mas às 19h00 virei para dormir e relaxar o corpo, pois não poderia ficar na mesma posição até o final do jogo. Acordei às 21h00, fiquei de frente, subi a cabeceira da cama e me posicionei como de costume para ver o pré-jogo no Fox Sports.

Como está dando sorte e não é o Galvão Bueno narrando, pouco antes das 22h00 mudei para a Globo. Estava tocando o hino nacional e, mais uma vez, fiquei incomodado com o fato das torcidas ficarem gritando durante o hino (o que se percebe mesmo com a TV diminuindo o som ambiente). A execução do hino antes de todo e qualquer evento esportivo, como se faz de uns tempos para cá, na minha opinião, é um desgaste de um símbolo nacional que deveria ser preservado para algumas ocasiões. Mas já que tocam, porque não se faz um trabalho junto aos torcedores para mostrar a importância do respeito ao hino como padrão de civilidade? Bom, mas isso é outra conversa...

Ao olhar os jogadores em campo, impossível não fixar a atenção em Neymar, por boas e más razões. As primeiras porque o cara é um craque, joga muito e fiquei pensando  como seria importante marcá-lo bem ou que ele jogasse mal (o que acabou acontecendo). Agora, não dava também para ignorar aquele cabelo. Longe de mim ser preconceituoso, mas que coisa horrorosa. Quanto tempo ele gastou – e quanto pagou – para deixar a cabeleira daquele jeito?!  Bom, cada um cada, cada um.

Outra observação de ordem estética: porque tiraram as listas brancas da camisa preta do Corinthians?  Poxa, esse é o uniforme 2 tradicional, que lembra a conquista do título paulista de 1977 e a quebra do jejum, dentre outros momentos históricos. Mas não, o time entra todo de preto, e ainda por cima com uma publicidade nova e enorme na frente da camisa: IVECO. Que diabos é isso? Descubro agora no Google que é um fabricante de caminhões. Tá certo, é que sou um saudosista das camisas antigas. E mesmo a do Santos ontem também estava feia, com patrocínios em tons de laranja e azul sob o manto branco.

Pensei em todas essas coisas importantes antes de começar o jogo. Bola rolando. Daqui para frente, existe gente muito mais competente do que eu para falar sobre a partida, esquemas táticos, questões técnicas, etc, como o Vitor Birner (http://blogdobirner.virgula.uol.com.br) ou o Juca Kfouri (http://blogdojuca.uol.com.br/).

A minha crônica acaba aqui e termina depois da meia-noite, quando pedi para Regina desligar a TV. Pensei na sorte que tenho de tê-la como esposa, e na felicidade ser corintiano.

quinta-feira, 12 de abril de 2012

Katia Fonseca

Desculpem,os problemas técnicos continuam, mas o blog volta ao ar para que vocês conheçam minha grande amiga Katinha!

Eu adoro e recomendo seu texto provocativo.

A arte de ser diferente - Meu encontro com o teatro por meio da deficiência


http://katiadoredelicia.blogspot.com.br/2012/04/arte-de-ser-diferente-meu-encontro-com.html

terça-feira, 27 de março de 2012

Fora do ar

Caros (as) amigos (as),

devido a alguns problemas técnicos e dificuldades relatadas por pessoas que acessam o blog, estarei "fora do ar" nos próximos dias tentando achar uma melhor maneira para hospedar o "Três Temas" e interagir com vocês.

Abraços a todos!

quarta-feira, 14 de março de 2012

O (mau) “uso” da Deficiência



Eu não assisti, mas me contaram. Em conversa com uma amiga fiquei sabendo que, no último sábado, o apresentador Luciano Huck exibiu uma matéria cujo principal personagem era uma pessoa com deficiência, amputado das duas pernas. Em resumo, depois de mostrar sua história de luta e superação, o programa oferecia uma “surpresa” ao personagem: suas tão sonhadas próteses! Todos choram, se emocionam e ficam felizes no sábado à tarde.

Nada contra a ajudar quem precisa, mas o episódio merece uma reflexão crítica. Na minha opinião, esta forma de abordar a questão da deficiência reforça uma visão assistencialista, piedosa e que deveria estar ultrapassada sobre o tema. Além disso é, no mínimo, questionável a “boa ação” que tem por trás interesses comerciais, estratégias de marketing, busca de maior audiência ou coisa que o valha.

No imaginário popular, altamente afetado por programas deste tipo, histórias como esta reforçam estereótipos culturalmente associados às pessoas com deficiência: somos um misto de “super-heróis” com “coitadinhos”. A nossa simples existência é “um exemplo de vida” e, ao mesmo tempo, dependemos da caridade alheia para sobreviver. Tais marcas ou rótulos dificultam o entendimento daquilo que deveria ser óbvio: pessoas com deficiência não são, em função desta condição, melhores ou piores do que as outras; são cidadãos com direitos e deveres, assim como todos.

Evidentemente que o personagem agraciado pelo programa se sentiu feliz e contemplado, mas e os outros milhões de pessoas com deficiência sem acesso a recursos ou equipamentos básicos? Será que não seria feito melhor uso da televisão – uma concessão pública – a discussão sobre as razões pelas quais as pessoas com deficiência encontram tais problemas?

A falta de acesso a uma prótese, a insuficiência de material para sondagem nos postos de saúde, os preços abusivos de equipamentos necessários às pessoas com deficiência, entre outros problemas, não podem ser repetidamente apresentados como questões individuais, resolvidos por meio de boa vontade alheia.

E, no caso em questão, esta “boa vontade” precisa ser qualificada, pois não se trata de uma ação de caridade anônima, desprovida de interesses particulares. Vamos ser claros: do apresentador à empresa que doou a prótese, passando pelos patrocinadores do programa, todos ganham com a exposição da história de superação e recompensa do nosso personagem com deficiência.

Como coloquei no início, não assisti ao programa, não sei detalhes da matéria e espero não estar cometendo injustiças. Seja como for, não quis deixar passar em branco esta reflexão porque, costumeiramente, a imprensa – por meio de seus jornalistas, apresentadores e reportes – “usa” a condição da deficiência para insuflar sentimentalismos, emoções e similares...o que, em geral, dá boa audiência, não é mesmo?

--------------------------------------------

Obs.: No próximo texto, retomo o tema do acesso ao trabalho das pessoas com deficiência para tratar da questão dos rendimentos.

sexta-feira, 9 de março de 2012

Panorama recente da inclusão das pessoas com deficiência no mercado formal de trabalho no Brasil (1)


Esse texto faz um breve resumo de um artigo que escrevi sobre o quatro atual de inclusão das pessoas com deficiência no mercado de trabalho. Não traz nada de novo, mas reorganiza os dados da Relação Anual de Informações Sociais (RAIS), do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), que a partir de 2007 passou a divulgar o número e o perfil dos vínculos empregatícios exercidos por pessoas com deficiência.

Este exercício – no qual simplesmente apurei a média dos valores encontrados nos anos de 2007, 2008, 2009 e 2010 – consolida tendências já observadas por aqueles que estudam e/ou lidam com esta temática. Antes de apresentar os números, vale sempre lembrar e esclarecer que os dados fornecidos pela RAIS apresentam uma “radiografia” do total de empregos/vínculos formais exercidos por pessoas com algum tipo de deficiência num determinado momento do tempo (último dia do ano).

Outra fonte que poderia ser usada são os números das Superintendências e Gerências Regionais do Trabalho e Emprego que atuam na fiscalização direta quanto ao cumprimento da “Lei de Cotas”. Os valores encontrados nessas bases de informação indicam o volume ou “fluxo” de contratações, ano a ano, das pessoas com deficiência nas empresas com cem ou mais empregados (obrigadas a cumprir a “Lei de Cotas”). A RAIS, por sua vez, conforme colocado acima, nos fornece uma “radiografia” do número absoluto (ou “estoque”) de empregos ocupados por pessoas com deficiência no mercado formal no conjunto total das empresas (independentemente do seu porte).

A tabela abaixo resume os dados da RAIS nos últimos quatro anos disponíveis:
   
Número médio de vínculos formais exercidos por tipo de deficiência – Brasil – 2007 a 2010
Tipo de Deficiência
Número de vínculos
Participação (%)
Física
169.427
53,6
Auditiva
78.004
24,7
Visual
13.701
4,3
Intelectual
11.999
3,8
Múltipla
4.177
1,3
Reabilitados
38.581
12,2
Total
315.888
100,0

Neste período, em média, 315 mil postos de trabalho estavam ocupados por pessoas com deficiência ao final de cada ano. Observa-se, claramente, o predomínio das pessoas com deficiência física e auditiva – que juntas tem uma participação de 78,3% das vagas. Por outro lado, há uma sub-representação das pessoas com deficiência visual e intelectual, que respondem apenas, em conjunto, por 8,1% dos vínculos formais.

Como já se sabe, há um “padrão de preferência” em que deficientes visuais (cegos) e pessoas com deficiência intelectual sofrem mais para conseguir acesso ao mercado de trabalho, cujo acesso é mais fácil para surdos (deficientes auditivos) e pessoas com deficiência física. Seria preciso aprofundar as investigações para identificar os determinantes deste processo, mas a experiência prática daqueles que lidam cotidianamente com esta temática nos ajuda a entender tal situação.

Ocorre que, infelizmente, parte dos empresários busca trabalhadores com deficiência em função não de atributos de qualificação profissional, mas de “mais facilidades” para incorporação destas pessoas ao ambiente de trabalho. Em outras palavras, enquanto deficientes auditivos e pessoas com limitações físicas (leves) não exigem grandes modificações arquitetônicas ou investimento em recursos de suporte, há resistências para contratação de pessoas com deficiência visual ou mental/intelectual. Muitos supõem que tais grupos exijam uma ação ou investimento de grande monta na empresa para lhes proporcionar autonomia no trabalho, o que não corresponde à realidade.

É verdade que essa hipótese poderia ser melhor confirmada se fosse possível distinguir dentre aqueles com deficiência física os cadeirantes, usuários de órtese/prótese, amputados, etc. Mas, conforme colocado acima, muitas pessoas que trabalham no dia-a-dia com a inclusão ainda relatam restrições colocadas por empresas em relação a determinados tipo de deficiência, o que configura uma conduta discriminatória.

No próximo texto, trataremos da questão dos rendimentos auferidos pelas (poucas) pessoas com deficiência que conseguem acessar o mercado de trabalho formal no Brasil.