Esse texto faz um breve resumo de um artigo que
escrevi sobre o quatro atual de inclusão das pessoas com deficiência no mercado
de trabalho. Não traz nada de novo, mas reorganiza os dados da Relação Anual
de Informações Sociais (RAIS), do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), que a
partir de 2007 passou a divulgar o número e o perfil dos vínculos empregatícios
exercidos por pessoas com deficiência.
Este exercício – no qual simplesmente apurei a média
dos valores encontrados nos anos de 2007, 2008, 2009 e 2010 – consolida
tendências já observadas por aqueles que estudam e/ou lidam com esta temática.
Antes de apresentar os números, vale sempre lembrar e esclarecer que os dados fornecidos pela RAIS apresentam uma “radiografia” do
total de empregos/vínculos formais exercidos por pessoas com algum tipo de
deficiência num determinado momento do tempo (último dia do ano).
Outra fonte que poderia ser usada são os números das
Superintendências e Gerências Regionais do Trabalho e Emprego que atuam na
fiscalização direta quanto ao cumprimento da “Lei de Cotas”. Os valores
encontrados nessas bases de informação indicam o volume ou “fluxo” de
contratações, ano a ano, das pessoas com deficiência nas empresas com cem ou
mais empregados (obrigadas a cumprir a “Lei de Cotas”). A RAIS, por sua vez,
conforme colocado acima, nos fornece uma “radiografia” do número absoluto (ou
“estoque”) de empregos ocupados por pessoas com deficiência no mercado formal
no conjunto total das empresas (independentemente do seu porte).
A tabela abaixo resume os dados da RAIS nos últimos
quatro anos disponíveis:
Número médio de vínculos formais exercidos por tipo de
deficiência – Brasil – 2007 a
2010
Tipo de Deficiência
|
Número de vínculos
|
Participação (%)
|
Física
|
169.427
|
53,6
|
Auditiva
|
78.004
|
24,7
|
Visual
|
13.701
|
4,3
|
Intelectual
|
11.999
|
3,8
|
Múltipla
|
4.177
|
1,3
|
Reabilitados
|
38.581
|
12,2
|
Total
|
315.888
|
100,0
|
Neste período, em média,
315 mil postos de trabalho estavam ocupados por pessoas com deficiência ao
final de cada ano. Observa-se, claramente, o predomínio das pessoas com
deficiência física e auditiva – que juntas tem uma participação de 78,3% das
vagas. Por outro lado, há uma sub-representação das pessoas com deficiência
visual e intelectual, que respondem apenas, em conjunto, por 8,1% dos vínculos
formais.
Como já se sabe, há um “padrão
de preferência” em que deficientes visuais (cegos) e pessoas com deficiência
intelectual sofrem mais para conseguir acesso ao mercado de trabalho, cujo
acesso é mais fácil para surdos (deficientes auditivos) e pessoas com
deficiência física. Seria preciso aprofundar as investigações para identificar
os determinantes deste processo, mas a experiência prática daqueles que lidam
cotidianamente com esta temática nos ajuda a entender tal situação.
Ocorre que, infelizmente,
parte dos empresários busca trabalhadores com deficiência em função não de
atributos de qualificação profissional, mas de “mais facilidades” para
incorporação destas pessoas ao ambiente de trabalho. Em outras palavras,
enquanto deficientes auditivos e pessoas com limitações físicas (leves) não
exigem grandes modificações arquitetônicas ou investimento em recursos de
suporte, há resistências para contratação de pessoas com deficiência visual ou
mental/intelectual. Muitos supõem que tais grupos exijam uma ação ou
investimento de grande monta na empresa para lhes proporcionar autonomia no
trabalho, o que não corresponde à realidade.
É verdade que essa hipótese
poderia ser melhor confirmada se fosse possível distinguir dentre aqueles com
deficiência física os cadeirantes, usuários de órtese/prótese, amputados, etc.
Mas, conforme colocado acima, muitas pessoas que trabalham no dia-a-dia com a inclusão
ainda relatam restrições colocadas por empresas em relação a determinados tipo
de deficiência, o que configura uma conduta discriminatória.
No próximo texto,
trataremos da questão dos rendimentos auferidos pelas (poucas) pessoas com
deficiência que conseguem acessar o mercado de trabalho formal no Brasil.
oi eu participarei de uma feira de ciencias de tema aberto a qual os participantes deverao criar um projeto cientifico sobre alguma dificuldade ou problema da sociedade atual e como li no seu perfil "pesquisador" e entrei no seu blog em busca de algo na area das deficiencias(fisicas e mentais) para desenvolver meu trablho gostaria de se possivel vc comentar algum tema que eu possa utilizar
ResponderExcluirOBS: adorei seus textos eles sao otimos
Olá, por-favor me mande um e-mail no vggarcia30@gmail.com para que possamos conversar diretamente...
ResponderExcluirAtenciosamente,
Vinicius.