Aproveito a véspera da data para fazer algumas rápidas reflexões sobre o nosso país. É curioso, ao mesmo tempo em que milhões se mobilizam para torcer pela seleção na Copa do Mundo ou por um atleta brasileiro nas Olimpíadas, é extremamente comum ouvirmos gente falando muito mal do Brasil. Somos brasileiros, com muito orgulho, como diz a “música”, ou no fundo invejamos os ditos países de primeiro mundo?
O tema daria um longo debate e eu não tenho capacidades para fazer análise tão complexa (sociológica). Quero apenas registrar algumas observações. Para variar, acho que vou contra o senso comum e a opinião da maioria, pois acredito que somos, simultaneamente, ufanistas na torcida e pessimistas, em excesso, na crítica ao país.
Me irrita a apelação feita pela imprensa esportiva quando joga a seleção ou quando um time (ou atleta) brasileiro está competindo. As transmissões, a começar pelos narradores e por vezes contaminando os comentaristas, viram um show de patriotismo vulgar, enaltecendo virtudes, algumas imaginárias, dos representantes nacionais e menosprezando os adversários, além de sermos, quase sempre, vítimas da arbitragem. Esta forma de ver o esporte dissemina-se para a população. Até hoje, muitos têm convicção de que perdemos a final da Copa do Mundo de 1998, para a França, porque houve algum tipo de armação ou “complô internacional”; não porque o outro time, simplesmente, jogou melhor (ajudado, é verdade, pela crise emocional do então jovem Ronaldo).
Ao mesmo tempo, fora da esfera esportiva, detesto generalizações do tipo: “nesse país, nada funciona, todo mundo é ladrão, os políticos são bandidos, etc.”. Este sentimento negativo, também repercutido e ampliado por setores da imprensa, infelizmente, é muito comum. Trata-se de uma reclamação nervosa e vazia, não de uma indignação positiva, construtiva. De certa forma, pensar assim, além de ser algo simplista, avaliza as condutas inapropriadas e os problemas reais nas nossas cidades, nos serviços públicos e em outras áreas. Se nada funciona, porque reclamar de algo específico? Se todos são corruptos, tanto faz mais um ou menos um.
Enfim, sei que misturei nessa conversa assuntos que têm dimensões e pesos diferentes. O futebol e o esporte representam temas bem menos relevantes do que as condições sociais ou o sistema político do país. Mas como estas são questões que ocupam meus pensamentos, fiz esta comparação “desproporcional” para tratar de comportamentos e atitudes que me incomodam. Ás vezes, estou vendo uma competição e, com a concordância do meu pai, que também se irrita, desligamos o som para deixarmos de ouvir o chato do narrador que torce pelo brasileiro ao invés de fazer o seu trabalho: narrar. E ás vezes me canso de receber mensagens ou ouvir gente que só reclama do país, só enxerga problemas e, no fundo, está louco para viver em outro lugar.
No dia em que se comemora nossa independência, creio que poderíamos tentar equilibrar as coisas, sendo mais realistas tanto no campo esportivo quanto na avaliação do cenário social e político atual. Não temos, por natureza, os melhores jogadores de futebol do mundo. E não somos, por definição, um país fadado à corrupção disseminada, ao mau funcionamento dos serviços públicos ou à marginalização social dos seus cidadãos.
Acho muito legal tocar nesse assunto, Vinicius! Também penso bastante na idéia do "ser brasileiro". Que significa ter presente essa identidade? De que Brasil estamos falando? Vale a pena se aprofundar - e dá uma bela conversa ao pé da mesa... Beijos!
ResponderExcluirPois é Fabi, não é um assunto trivial, mas também acho instigante! No Brasil, tem coisas que parecem nos aproximar, mas, ao mesmo tempo, somos um país tão desigual e heterogêneo...sem dúvida dá uma ótima conversa! Bjs.
ResponderExcluir---------- Mensagem encaminhada ----------
ResponderExcluirDe: Vinicius Garcia
Data: 14 de setembro de 2011 07:47
Assunto: Re: novo texto
Para: Daniel Höfling
Valeu Dani! Pois é, é irritante mesmo! Depois você me conta as discussões em salas de aula....deve ser um campo fértil!
Cara, vou tentar ir sim, vamos ver como vou estar na hora.
Abração,
Vini.
Em 13 de setembro de 2011 15:10, Daniel Höfling escreveu:
mandou bem, Vini. Esse sentimento de "paga-pau" pra estrangeiro no Brasil me irrita profundamente....discuto sempre em sala isso.
Melhorou? Vai amanhã?
abs,
Daniel de Mattos Höfling
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ResponderExcluirDe: Vinicius Garcia
Data: 9 de setembro de 2011 16:44
Assunto: Re: novo texto
Para: ml-garcia
jóia mãe, obrigado!
Para mudar a forma de fazer comentários, só se eu trocasse de servidor...
Bjs e melhoras aí!
Em 7 de setembro de 2011 21:56, ml-garcia escreveu:
Oi Vini,
li o texto e gostei muito, só acho difícil postar comentário no seu blog, será que um jeito mais fácil. Bjs