terça-feira, 27 de março de 2012

Fora do ar

Caros (as) amigos (as),

devido a alguns problemas técnicos e dificuldades relatadas por pessoas que acessam o blog, estarei "fora do ar" nos próximos dias tentando achar uma melhor maneira para hospedar o "Três Temas" e interagir com vocês.

Abraços a todos!

quarta-feira, 14 de março de 2012

O (mau) “uso” da Deficiência



Eu não assisti, mas me contaram. Em conversa com uma amiga fiquei sabendo que, no último sábado, o apresentador Luciano Huck exibiu uma matéria cujo principal personagem era uma pessoa com deficiência, amputado das duas pernas. Em resumo, depois de mostrar sua história de luta e superação, o programa oferecia uma “surpresa” ao personagem: suas tão sonhadas próteses! Todos choram, se emocionam e ficam felizes no sábado à tarde.

Nada contra a ajudar quem precisa, mas o episódio merece uma reflexão crítica. Na minha opinião, esta forma de abordar a questão da deficiência reforça uma visão assistencialista, piedosa e que deveria estar ultrapassada sobre o tema. Além disso é, no mínimo, questionável a “boa ação” que tem por trás interesses comerciais, estratégias de marketing, busca de maior audiência ou coisa que o valha.

No imaginário popular, altamente afetado por programas deste tipo, histórias como esta reforçam estereótipos culturalmente associados às pessoas com deficiência: somos um misto de “super-heróis” com “coitadinhos”. A nossa simples existência é “um exemplo de vida” e, ao mesmo tempo, dependemos da caridade alheia para sobreviver. Tais marcas ou rótulos dificultam o entendimento daquilo que deveria ser óbvio: pessoas com deficiência não são, em função desta condição, melhores ou piores do que as outras; são cidadãos com direitos e deveres, assim como todos.

Evidentemente que o personagem agraciado pelo programa se sentiu feliz e contemplado, mas e os outros milhões de pessoas com deficiência sem acesso a recursos ou equipamentos básicos? Será que não seria feito melhor uso da televisão – uma concessão pública – a discussão sobre as razões pelas quais as pessoas com deficiência encontram tais problemas?

A falta de acesso a uma prótese, a insuficiência de material para sondagem nos postos de saúde, os preços abusivos de equipamentos necessários às pessoas com deficiência, entre outros problemas, não podem ser repetidamente apresentados como questões individuais, resolvidos por meio de boa vontade alheia.

E, no caso em questão, esta “boa vontade” precisa ser qualificada, pois não se trata de uma ação de caridade anônima, desprovida de interesses particulares. Vamos ser claros: do apresentador à empresa que doou a prótese, passando pelos patrocinadores do programa, todos ganham com a exposição da história de superação e recompensa do nosso personagem com deficiência.

Como coloquei no início, não assisti ao programa, não sei detalhes da matéria e espero não estar cometendo injustiças. Seja como for, não quis deixar passar em branco esta reflexão porque, costumeiramente, a imprensa – por meio de seus jornalistas, apresentadores e reportes – “usa” a condição da deficiência para insuflar sentimentalismos, emoções e similares...o que, em geral, dá boa audiência, não é mesmo?

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Obs.: No próximo texto, retomo o tema do acesso ao trabalho das pessoas com deficiência para tratar da questão dos rendimentos.

sexta-feira, 9 de março de 2012

Panorama recente da inclusão das pessoas com deficiência no mercado formal de trabalho no Brasil (1)


Esse texto faz um breve resumo de um artigo que escrevi sobre o quatro atual de inclusão das pessoas com deficiência no mercado de trabalho. Não traz nada de novo, mas reorganiza os dados da Relação Anual de Informações Sociais (RAIS), do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), que a partir de 2007 passou a divulgar o número e o perfil dos vínculos empregatícios exercidos por pessoas com deficiência.

Este exercício – no qual simplesmente apurei a média dos valores encontrados nos anos de 2007, 2008, 2009 e 2010 – consolida tendências já observadas por aqueles que estudam e/ou lidam com esta temática. Antes de apresentar os números, vale sempre lembrar e esclarecer que os dados fornecidos pela RAIS apresentam uma “radiografia” do total de empregos/vínculos formais exercidos por pessoas com algum tipo de deficiência num determinado momento do tempo (último dia do ano).

Outra fonte que poderia ser usada são os números das Superintendências e Gerências Regionais do Trabalho e Emprego que atuam na fiscalização direta quanto ao cumprimento da “Lei de Cotas”. Os valores encontrados nessas bases de informação indicam o volume ou “fluxo” de contratações, ano a ano, das pessoas com deficiência nas empresas com cem ou mais empregados (obrigadas a cumprir a “Lei de Cotas”). A RAIS, por sua vez, conforme colocado acima, nos fornece uma “radiografia” do número absoluto (ou “estoque”) de empregos ocupados por pessoas com deficiência no mercado formal no conjunto total das empresas (independentemente do seu porte).

A tabela abaixo resume os dados da RAIS nos últimos quatro anos disponíveis:
   
Número médio de vínculos formais exercidos por tipo de deficiência – Brasil – 2007 a 2010
Tipo de Deficiência
Número de vínculos
Participação (%)
Física
169.427
53,6
Auditiva
78.004
24,7
Visual
13.701
4,3
Intelectual
11.999
3,8
Múltipla
4.177
1,3
Reabilitados
38.581
12,2
Total
315.888
100,0

Neste período, em média, 315 mil postos de trabalho estavam ocupados por pessoas com deficiência ao final de cada ano. Observa-se, claramente, o predomínio das pessoas com deficiência física e auditiva – que juntas tem uma participação de 78,3% das vagas. Por outro lado, há uma sub-representação das pessoas com deficiência visual e intelectual, que respondem apenas, em conjunto, por 8,1% dos vínculos formais.

Como já se sabe, há um “padrão de preferência” em que deficientes visuais (cegos) e pessoas com deficiência intelectual sofrem mais para conseguir acesso ao mercado de trabalho, cujo acesso é mais fácil para surdos (deficientes auditivos) e pessoas com deficiência física. Seria preciso aprofundar as investigações para identificar os determinantes deste processo, mas a experiência prática daqueles que lidam cotidianamente com esta temática nos ajuda a entender tal situação.

Ocorre que, infelizmente, parte dos empresários busca trabalhadores com deficiência em função não de atributos de qualificação profissional, mas de “mais facilidades” para incorporação destas pessoas ao ambiente de trabalho. Em outras palavras, enquanto deficientes auditivos e pessoas com limitações físicas (leves) não exigem grandes modificações arquitetônicas ou investimento em recursos de suporte, há resistências para contratação de pessoas com deficiência visual ou mental/intelectual. Muitos supõem que tais grupos exijam uma ação ou investimento de grande monta na empresa para lhes proporcionar autonomia no trabalho, o que não corresponde à realidade.

É verdade que essa hipótese poderia ser melhor confirmada se fosse possível distinguir dentre aqueles com deficiência física os cadeirantes, usuários de órtese/prótese, amputados, etc. Mas, conforme colocado acima, muitas pessoas que trabalham no dia-a-dia com a inclusão ainda relatam restrições colocadas por empresas em relação a determinados tipo de deficiência, o que configura uma conduta discriminatória.

No próximo texto, trataremos da questão dos rendimentos auferidos pelas (poucas) pessoas com deficiência que conseguem acessar o mercado de trabalho formal no Brasil.

quarta-feira, 7 de março de 2012

Pensamento do Dia

Muito pior do que os caminhoneiros que fazem greve são os donos de postos que, de forma oportunista e gananciosa, aumentam os preços do combustível.

terça-feira, 6 de março de 2012

Ausência e palpites

Por boas razões - tenho trabalhado bastante - não tenho conseguido escrever esses dias no blog. Mas vamos ver, até sexta-feira vou tentar mandar alguma coisa! Por enquanto, só na base do telégrafo (hoje, twitter):

1 - Só medidas pontuais não adiantam, para a o Brasil voltar a crescer 5% ao ano - e interromper o processo de desindustrialização - é preciso reposicionar câmbio (desvalorizar) e juros (menores).

2 - O voto conservador e anti-petista na cidade de São Paulo será novamente suficiente para levar o Serra à prefeitura? Vou arriscar: não.

3 - O time do Corinthians atual - competitivo, forte e seguro - mas totalmente sem brilho e criatividade, é suficiente para ir longe (ganhar, quem sabe) a Libertadores? Vou arriscar: sim.

Abraços a todos!