Para manter o equilíbrio entre os três temas do blog, hoje ia postar um texto sobre a Copa de Mundo e as Olimpíadas a serem realizadas no Brasil em 2014 e 2016, respectivamente. Mas não estou me sentindo bem, com um desconforto que, tenho impressão, começou quando eu fazia a primeira sondagem urinária do dia, por volta das 7h00 da manhã.
Fiquei na dúvida se deveria falar sobre isso, mas lembrei que a proposta deste espaço é ser também uma espécie de “diário virtual”, onde eu possa “armazenar” meus medos, sensações e temores, além das reflexões habituais. Compartilhar essas coisas escrevendo sobre elas me parece acalmar um pouco a alma, por isso vou deixar minhas considerações sobre a Copa e as Olimpíadas para segunda-feira.
Nos últimos dois anos, por várias vezes, me senti como hoje. Eu não sei até que ponto é uma dor física, real, ou é um desequilíbrio emocional. Bom, na verdade essas duas coisas devem estar juntas. Da mesma forma, os problemas urológicos e as dores neuropáticas parecem se misturar, e o resultado é um mal-estar, um aturdimento, um desconforto geral, que sinto neste momento.
Minhas pernas, braços e mãos estão formigando, e meu coração parece estar batendo mais forte (minha pressão arterial, pelo menos, não está alta; já aferi com ajuda do Anderson). Depois que um médico me disse que eu poderia ter um AVC (acidente vascular cerebral) se a pressão subisse demais, fiquei meio paranóico com isso, pois meu maior medo é ficar ainda mais limitado nas funções motoras, além dos possíveis danos cognitivos.
Leio o que escrevi até agora, são 08h10 da manhã. Fico na dúvida de novo se devo expor publicamente essas coisas, mas vou em frente. Quando estou como hoje, tenho enorme vontade de, apenas, "descansar". Me imagino num lugar tranqüilo, ao lado de pessoas queridas que já não estão mais aqui, como meus avós Mário e Anamélia, meus primos André e Roberta. Ao mesmo tempo, racionalmente, sei que não é possível fazer esta escolha.
Também não a faço porque esta seria uma opção egoísta. A vida de cada um de nós significa, compõe a vida daqueles que nos amam. Eu me sinto extremamente amado e querido pelas pessoas que me cercam, sobretudo pela minha esposa e meus pais. Em dias como hoje, vivo mais por eles do que por mim.
Rejeito as explicações religiosas e dogmáticas sobre a vida. Não me convenço de que o sexto filho numa família pobre e desestruturada é uma vontade de Deus. Precisamos fazer um debate maduro sobre o direito à eutanásia e ao aborto (tema que regrediu horrores na última campanha presidencial). Com essas reflexões ocupo minha cabeça, e vou continuar fazendo isso depois que terminar este texto jogando xadrez na internet, minha válvula de escape.
Chega, está bom. Desculpem se fui indiscreto hoje, expondo demais minha vida particular. Mas escrever essas linhas é também outra forma de "descansar" a alma e acalmar o espírito. Obrigado, me sinto um pouco melhor, são 08h24 da manhã.