Com o final do governo Lula, em 2010, todas as forças políticas relevantes no Brasil pós-fim do regime militar já ocuparam o poder a partir de eleições diretas. Completou-se um ciclo de 21 anos iniciado com a eleição de Fernando Collor em 1989. Com exceção deste, cujo governo foi tumultuado e marcado pela corrupção e processo de impechement, e sem entrar no clima de “Fla-Flu” que por vezes marca o debate entre PT e PSDB, é possível observas ações positivas nas administrações de Itamar, FHC e Lula.
Como ministro da Fazenda de Itamar e depois no seu primeiro mandato, FHC exerceu um papel importante para o fim do período hiper-inflacionário que vinha se perpetuando no país desde a década de 80. A estabilidade de preços foi alcançada e permitiu um novo patamar de desenvolvimento da economia brasileira. Porém, ao embarcar na onda neoliberal dos anos 90, o governo FHC comprometeu as finanças do país, produziu a fragilização do Estado e o crescimento do desemprego e sua precarização, fatores que explicam, em grande medida, seus baixos índices de aprovação ao final do segundo mandato – em torno de 20% – e a eleição de Lula, em 2002.
O primeiro governo de Lula foi uma decepção para muitos que esperavam uma mudança de rota no campo da política econômica, dentre os quais me incluo. Porém, visto em perspectiva, a manutenção dos eixos centrais da política econômica e a escolha de um “homem do mercado financeiro” para o Banco Central parecem ter sido a estratégia possível naquele momento. A saída, por linhas tortas, de Antonio Palocci da Fazenda possibilitou esboçar outro modelo centrado no crescimento econômico e inclusão social; modelo este que ainda é uma obra imperfeita e inacabada. Mesmo assim, Lula deixa o governo com 85% de aprovação, percentual impressionante e que já está consolidado, ninguém pode tirar do “sapo-barbudo”.
A eleição de Dilma Roussef e seus primeiros meses do governo ocorrem num momento favorável que se abre com a crise financeira de 2008-2009 no campo ideológico, jogando por terra idéias consagradas da fase anterior (plena liberdade de capitais, desregulação financeira e racionalidade dos mercados). Hoje, até o FMI avaliza o fim do “Consenso de Washington” e sugere, por exemplo, controles de capitais.
Mas é preciso dar os passos seguintes: adequar a taxa de câmbio, hoje com o real supervalorizado em relação ao dólar, para níveis competitivos e reavaliar o modelo de metas de inflação (o que está em curso) de maneira a diminuir as escandolosas taxas de juros praticadas no Brasil.
Como fazer isso fica para outra postagem que provavelmente só irá interessar aos economistas de plantão. O importante é enfatizar a necessidade do ajuste dos preços-chaves da nossa economia – juros e câmbio – para que o Brasil avance no seu desenvolvimento social e econômico, livre das amarras do rentismo, que transfere cerca de 150 bilhões de reais anualmente para os detentores de títulos públicos (valor maior do que se gasta em Saúde, Educação ou no Bolsa-Família).
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Comentário do meu amigo Santista, da época de Economia na Unicamp, com quem sempre discuti bastante, no bom sentido, sobre política.
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Vinnie,
PARABÉNS !!!!
Excelente texto (Os passos seguintes) de hoje !!!!
Depois lhe escrevo com calma.
Só não queria perder a oportunidade de fazer o elogio !
Daniel Branco