quarta-feira, 6 de abril de 2011

Religião, fé e esperança

Não meus amigos, não me converti e nem quero converter ninguém. Resolvi escrever sobre esse polêmico tema porque ando pensando nessas coisas. Quando acontece algo trágico na vida de alguém, são variadas as ofertas – em geral bem intencionadas – daqueles que querem lhe apontar o caminho, mostrar a luz ou lhe convencer que, no fundo, é tudo obra de Deus e é preciso aceitar.
Respeito as religiões e a liberdade de cada um em exercê-las, mas, no meu caso, depois que adquiri a deficiência, não adiantou muito. Continuo sendo um agnóstico (que não é o mesmo que um ateu). Como agnóstico, eu simplesmente não sei se existe uma divindade superior. Não sei, mas tenho esperança e fé que exista. Talvez não um ser iluminado, mas que exista mais do que aquilo que vivemos todos os dias, que exista algum sentido maior nas relações humanas e na própria vida cotidiana de cada um.
Não sou religioso, mas rezo e tenho fé. Imagino “Deus” como um conjunto de valores e princípios positivos que representam a bondade, a generosidade e, sobretudo, um senso de justiça social. A maneira de se aproximar de “Deus” – muito mais do que freqüentar um culto ou repetir sem pensar rezas e orações – é exercer diariamente esses valores positivos. Com isso você não está isento de problemas e dificuldades (não se trata de um acordo com “Deus”), mas, talvez, eu espero, você está no caminho correto e encontrará aquele “sentido maior”.
Para terminar, reitero a importância do respeito às religiões e às crenças individuais, mas algumas coisas me irritam. O jogador de futebol que agradece a Deus pelo gol que fez ou, pior ainda, o sobrevivente de uma catástrofe que atribui sua “sorte” a Deus. E os outros 500 que morreram?! Todos ateus pagãos?! Não, não podem ser. Na minha opinião, “Deus” não faz essas escolhas seletivas. Somos o que somos pelas circunstâncias de vida de cada um, tentando ser felizes e enfrentando adversidades que devem ser menores do que nossa alegria, se “Deus” quiser.

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6 comentários:

  1. Eu também não acredito em nenhum deus (nem no da bíblia, nem nos outros milhares de deuses de todas as religiões). Nesse sentido, aliás, posso dizer que sou praticamente igual ao cristãos, afinal, estes também não acreditam em quase todos os deuses em que eu não acredito. A diferença é de um em mais de mil.

    E não acredito, não por achar que esse ou aquele deus seja mau, injusto. É apenas por não ter nenhuma evidência da sua existência. Os fatos podem ser explicados pela ciência, e os que não podem, um dia poderão. E mesmo que nunca puderem, jamais se provará que são obra divina. Ah, mas tem que ter fé? Eu não tenho, paciência. E não me orgulho disso, inclusive acho que acreditar no sobrenatural faz bem em muitos casos, e me faria, sempre que me vejo diante de algo triste, trágico ou injusto.

    Se eu pudesse me consolar sabendo que toda cagada que os deuses fazem na nossa vida e na das pessoas que gostamos é por uma razão maior, e que um dia seremos compensados por todas as desgraças, seria lindo. Mas eu não acredito nisso, fazer o que...

    Então qual o sentido da nossa vida, se um dia vamos todos virar comida de verme? Nenhum.

    Então porque tentamos ser bons, justos, fazer bem aos demais? Porque, por algum motivo, gostamos de outras pessoas, animais ou coisas, e por isso ao vê-las bem ficamos felizes. Tudo isso dentro da nossa vida, sem efeito nenhum sobre o além. Não somos bons em busca de recompensa eterna, mas sim porque a felicidade de quem gostamos nos faz felizes hoje.

    Nem vou falar nas igrejas, porque aí o assunto é comércio de fé, em todas. Minha descrença não depende das merdas que os homens fazem em nome de seus deuses.

    É isso, que cada um fique com o(s) seu(s) deus(es), ou sem nenhum.

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  2. Texto enviada pela Maria, do CCR-Souzas, companheira de luta, sobre aquele episódio no qual os jogadores do Santos se recusaram a descer do ônibus para uma atividade numa entidade espírita que acolhe crianças.
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    >“No Brasil, futebol é religião” – por Ed Rene Kivitz
    >Os meninos da Vila pisaram na bola. Mas prefiro sair em sua defesa.
    >Eles não erraram sozinhos. Fizeram a cabeça deles. O mundo religioso é mestre em
    >fazer a cabeça dos outros. Por isso, cada vez mais me convenço que o
    >Cristianismo implica a superação dareligião, e cada vez mais me dedico a pensar
    >nas categorias da espiritualidade, em detrimento das categorias da religião.
    >
    >Areligião está baseada nos ritos, dogmas e credos, tabus e códigos morais de
    >cada tradição de fé.
    >
    >A espiritualidade está fundamentada nos conteúdos universais de todas e cada uma
    >das tradições de fé.
    >
    >Quando você começa a discutir quem vai para céu e quem vai para o inferno; ou se
    >Deus é a favor ou contra à prática do homossexualismo; ou mesmo se você tem que
    >subir uma escada de joel hos ou dar o dízimo na igreja para alcançar o favor de
    >Deus, você está discutindoreligião. Quando você começa a discutir se o correto é
    >a reencarnação ou a ressurreição, a teoria de Darwin ou a narrativa do Gênesis,
    >e se o livro certo é a Bíblia ou o Corão, você está discutindo religião. Quando
    >você fica perguntando se a instituição social é espírita kardecista, evangélica,
    >ou católica, você está discutindo religião.
    >
    >O problema é que toda vez que você discutereligião você afasta as pessoas umas
    >das outras, promove o sectarismo e a intolerância. A religião coloca de um lado
    >os adoradores de Allá, de outro os adoradores de Yahweh, e de outro os
    >adoradores de Jesus. Isso sem falar nos adoradores de Shiva, de Krishna e
    >devotos do Buda, e por aí vai.
    >
    >E cada grupo de adoradores deseja a extinção dos outros, ou pela conversão à sua
    >religião, o que faz com que os outros deixem de existir enquanto outros e se
    >tornem iguais a nós, ou pelo extermínio através do assassinato em nome de Deus,
    >ou melhor, em nome de um deus, com ‘d’ minúsculo, isto é, um ídolo que pretende
    >se passar por Deus.
    >
    >Mas, quando você concentra sua atenção e ação, sua práxis, em valores como
    >reconciliação, perdão, misericórdia, compaixão, solidariedade, amor e caridade,
    >você está no horizonte da espiritualidade, comum a todas as tradições
    >religiosas. E quando você está com o coração cheio de espiritualidade, e não de
    >religião, você promove a justiça e a paz.
    >
    >Os valores espirituais agregam pessoas, aproxima os diferentes, faz com que os
    >discordantes no mundo das crenças se deem as mãos no mundo da busca de superação
    >do sofrimento humano, que a todos nós humilha e iguala, independentemente de
    >raça, gênero, e inclusive religião.
    >
    >Em síntese, quando você vive no mundo da religião, você fica no ônibus. Quando
    >você vive no mundo da espiritualidade que a sua religião ensina – ou pelo menos
    >deveria ensinar, você desce do ônibus e dá um ovo de páscoa para uma criança que
    >sofre a tragédia e miséria de uma paralisia mental.
    >
    >Ed René Kivitz, cristão, pastor evangélico, e santista desde pequenininho.”

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  3. Comentário da minha amiga Sílvia, assistente social da Prefeitura de Campinas.
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    Oi Vini!!!!
    Vc me surpreende a cada dia !!!! Que iniciativa corajosa!! Mas, coragem é a sua marca mesmo!!!
    Já me considero sua "seguidora", seguidora de princípios e valores éticos!
    Seu texto é excelente! Ao mesmo tempo carrega força e suavidade.
    Vou criar uma conta para nos falarmos por lá.
    Bjo carinhoso.
    Silvia.

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  4. Mensagem da Roseli Bianco, parcera do CVI e presidente do Conselho Municipal dos Direitos das Pessoas com Deficiência.
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    oi Vi, muito bom, com certeza o debate é sempre muito bom, salutar, dentro do possível e tambem das minhas limitações, vou sim particpar,aliás já gostei muito das suas colocações sobre religião, houve uma identificação por assim dizer, legal mesmo
    bjs
    Roseli

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  5. Vi, adorei teu blog. Na verdade, quando li o título do post (Religião, Fé e Esperança) achei que você faria uma relação dessas três coisas com o nome do blog (economia e política; esportes; e pessoas com deficiência e cidadania)... Seria uma ligação interessante né? Quantas vezes já não vimos o pensamento político/econômico ganhar ares de religiosidade... E como não pensar em fé quando se é apaixonado por futebol? A esperança seria o que nos move em se tratando de lutar por cidadania...
    Muito bom, já virei seguidora!
    Bjos

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  6. Fabi, legal, muito obrigado! Eu não tinha pensado nessa relação, mas você tem toda a razão! Alguns dogmas em economia são tratados como se fossem preceitos religiosos, a fé está intimamente ligada aos torcedores fanáticos e temos esperança em viver numa sociedade melhor, que respeite a diversidade humana! Vai ser um prazer ter seus comentários por aqui! Bjs.

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