sexta-feira, 6 de maio de 2011

Inflação e Juros

No governo Dilma há uma mudança positiva – mesmo que ainda tímida – na condução da política monetária. O Banco Central na gestão de Tombini tem tentado controlar a inflação sem exagerar na dose (juros altos), o que provocaria desaquecimento excessivo do nível de atividade econômica, com elevados custos sociais.
Ainda estamos longe de um cenário ideal, mas essa estratégia gradualista na condução da política monetária faz sentido e deve continuar, mesmo com enormes pressões no sentido contrário vindas do mercado financeiro e boa pare da mídia. O “terrorismo inflacionário”, clamando por juros ainda mais altos, é contínuo e estridente (creio que no BC de Meirelles estaríamos já com uma taxa próxima de 15%!).
Como já apontaram vários analista, parte substancial do repique inflacionário dos últimos meses se deve ao aumento dos preços dos alimentos a nível mundial. Este aumento se explica pela crescente demanda, mas sobretudo pelo movimento financeiro/especulativo envolvendo os preços das commodities, num ambiente de ampla liquidez proporcionada pela política monetária dos EUA.
Entretanto, o próprio governo reconhece que existem também pressões internas – como a inflação no setor de serviços – justificando a cautela da política monetária. Mas o BC tem procurado não exagerar nos juros e, além disso, utilizar outros instrumentos ligados à restrição do crédito para conter a demanda interna (as chamadas medidas macroprudenciais).
Esse caminho é correto porque, como se sabe, aumento das taxas de juros produz pelo menos mais dois efeitos negativos além do desaquecimento da economia: gastos crescentes com esta despesa financeira e a valorização excessiva da taxa de câmbio.
Nesse sentido, é alentador ouvir do ministro da Fazenda, em audiência no Senado, que “dói no bolso” gastar 180 ou 190 bilhões de reais anualmente para o pagamento dos juros e serviços da dívida. É claro que no médio prazo será preciso persistir na diminuição da taxa Selic e num reposicionamento do câmbio em nível mais competitivo, mas como disse o professor Edgar Pereira da Unicamp em programa recente na Globonews, a hora é de cautela e sangue-frio para que se atravesse esse período inflacionário sem maiores danos para o crescimento econômico.
Se fecharmos a conta em 2011 com inflação de 6,5 %, dentro da margem de tolerância da meta (que existe justamente para momentos de choques de oferta e/ou externos), e crescimento de pelo menos 4,%, está muito bom. Dessa forma, o governo ganha fôlego para avançar nas mudanças que estão em curso na política monetária, caminhando-se para diminuição progressiva dos juros no país (aliviando a política fiscal), além de cuidar da taxa de câmbio que está sobrevalorizada.

Um comentário:

  1. ---------- Mensagem encaminhada ----------
    De: Vinicius Garcia
    Data: 6 de maio de 2011 14:52
    Assunto: Re: novo texto
    Para: Daniel Höfling


    valeu Dani, vou colocar lá no blog!


    Em 6 de maio de 2011 10:26, Daniel Höfling escreveu:


    belo texto, Vini. e tem o problema da indexação, principalmente no tocante aos preços de energia, pedágio e telefonia.....
    publica aí.

    Daniel de Mattos Höfling

    6,5% de inflação, 6x0 coritiba hahahahaha
    chupa verdão
    Daniel de Mattos Höfling

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