segunda-feira, 9 de maio de 2011

Tênis e Natação

Uma das razões pelas quais o futebol é o esporte mais popular no Brasil e em muitos países do mundo é sua característica peculiar: o time mais fraco pode vencer o mais forte. Não raro acontece de um time com jogadores menos habilidosos e técnicos vencer seu adversário. Em outras palavras, futebol é emocionante porque tudo pode acontecer, mesmo com o Barcelona tentando nos mostrar o contrário.
Tal constação não significa que outros esportes – onde na grande maioria das disputas prevalece a lógica de que aquele com melhor desempenho  vence – não tenham graça. Eu, particularmente, gosta e acompanho bastante os chamados esportes olímpicos. Na semana que passou me diverti acompanhando o torneio Masters 1000 de tênis, em Madrid, e o Trófeu Maria Leck de natação, no Rio de Janeiro.
Decidi então fugir do futebol e escrever algumas considerações sorte o tênis e a natação (talvez também por causa do medo do Coirinthians levar uma surra do Santos na final do Paulista). Bom, mas vamos lá.
 Escrevo este texto na sexta, dia 6, às 8h00 da manhã. Daqui há pouco o Thomaz Bellucci, melhor brasileiro no ranking mundial, vai disputar as quartas de final do Masters 1000 de Madrid. É o seu melhor resultado em torneios desse porte, e para chegar até aí ele venceu o escocês Andy Muray, número quatro do mundo, nas oitavas de final. Ele pode até perder (o que é o mais provável), mas a campanha atual já é um grande feito.
As pessoas que não acompanham o tênis, em grande medida influenciadas pelos anos de vitórias e conquistas do Guga, muitas vezes não tem a dimensão do que é estar entre os 50 melhores jogadores do mundo (como é o caso do Bellucci nos últimos dois anos). Esse esporte – com milhares de jogadores profissionais pelo mundo e dezenas de torneios em praticamente todas as semanas do ano – exige um altíssimo desempenho para ficar entre os melhores.
O Bellucci não é nem será o Guga, mas é o melhor desde que ele parou de jogar e mesmo quando é eliminado nas primeiras rodadas dos torneios não pode ser rotulado como fraco ou medíocre.
Tirando os fora de série – como Nadal, Federer e Djokovic (que entrou para este grupo neste ano) – os 50, 70 melhores jogadores no ranking tem um tenis similar e de altíssimo nível. Não é tarefa simples se manter nesse pelotão de elite e tomara que o Bellucci possa continuar aí, o que permite “beliscar” excelentes resultados como acontece esta semana no Masters de Madrid, mesmo que ele perca feio hoje.
Passando para natação, gostaria apenas de registrar a "grande safra" que está ativa nesse esporte no Brasil, cujos principais representantes são o César Cielo, Felipe França, Thiago Pereira e Kaio Márcio. Assim como no tênis – e também como ocorre em outros esportes contra o relógio – a natação de alto nível exige uma dedicação sobre-humana, com treinos diários e uma rotina longe de enormes prazeres da vida (beber, comer, etc.). Temos que reconhecer os esforços destes atletas de alto nível, que praticam um esporte refinado e belo como é a natação.
Em comum, o tênis e a natação no Brasil apresentam uma performance muito melhor entre os homens do que entre as mulheres. Além disso, os atletas citados acima ainda são jóias raras, que conseguiram resultados expressivos bem mais por seus méritos próprios do que por uma política de amparo e incentivo ao esporte. O alento é que isso parece estar mudando. Basta acompanhar o contínuo crescimento dos recursos públicos e privados investidos nos esportes olímpicos nos últimos anos.
Tomara que, para além do futebol, possamos ser um país com bom desempenho em esportes como tênis, natação, judô e atletismo, que são também fontes de inspiração para crianças e jovens.
---------------------------------------------------------------
Atualizações: 1) o Bellucci venceu o Berdych na sexta e fez jogo duro com o Djokovic na seminal no sábado. Perdeu, mas atingiu a posição 22 no ranking mundial. 2) Corinthians e Santos fizeram um jogo equilibrado. Em condições normais, o Santos seria favorito no próximo domingo. Mas eles tem Libertadores e desfalques, e o Corinthians cresce em finais. Tudo pode acontecer.

Um comentário:

  1. concordo plenamente contigo, vou publicar no post sobre natação e tênis....

    Abração,
    Vini.

    Em 11 de maio de 2011 10:51, Daniel Höfling escreveu:
    Vini,
    Gostei do texto. Nessa sociedade de merda, dos vencedores e perdedores, as pessoas só exaltam quem tá no topo. Se não ganhou um Grand Slam ou não está entre os 5, não presta. Isso é ridículo. Estar entre os 100, ou mesmo entre os 200 do mundo, é uma grande realização. Precisa ralar muito. Tá na hora das pessoas pararem de procurar esses vencedores e começarem a reconhecer os lutadores.
    Publica aí.
    abraços,

    Daniel de Mattos Höfling

    ResponderExcluir