sexta-feira, 29 de abril de 2011

Descansar

Para manter o equilíbrio entre os três temas do blog, hoje ia postar um texto sobre a Copa de Mundo e as Olimpíadas a serem realizadas no Brasil em 2014 e 2016, respectivamente. Mas não estou me sentindo bem, com um desconforto que, tenho  impressão, começou quando eu fazia a primeira sondagem urinária do dia, por volta das 7h00 da manhã.
Fiquei na dúvida se deveria falar sobre isso, mas lembrei que a proposta deste espaço é ser também uma espécie de “diário virtual”, onde eu possa “armazenar” meus medos, sensações e temores, além das reflexões habituais. Compartilhar essas coisas escrevendo sobre elas me parece acalmar um pouco a alma, por isso vou deixar minhas considerações sobre a Copa e as Olimpíadas para segunda-feira.
Nos últimos dois anos, por várias vezes, me senti como hoje. Eu não sei até que ponto é uma dor física, real, ou é um desequilíbrio emocional. Bom, na verdade essas duas coisas devem estar juntas. Da mesma forma, os problemas urológicos e as dores neuropáticas parecem se misturar, e o resultado é um mal-estar, um aturdimento, um desconforto geral, que sinto neste momento.
Minhas pernas, braços e mãos estão formigando, e meu coração parece estar batendo mais forte (minha pressão arterial, pelo menos, não está alta; já aferi com ajuda do Anderson). Depois que um médico me disse que eu poderia ter um AVC (acidente vascular cerebral) se a pressão subisse demais, fiquei meio paranóico com isso, pois meu maior medo é ficar ainda mais limitado nas funções motoras, além dos possíveis danos cognitivos.
 Leio o que escrevi até agora, são 08h10 da manhã. Fico na dúvida de novo se devo expor publicamente essas coisas, mas vou em frente. Quando estou como hoje, tenho enorme vontade de, apenas, "descansar". Me imagino num lugar tranqüilo, ao lado de pessoas queridas que já não estão mais aqui, como meus avós Mário e Anamélia, meus primos André e Roberta. Ao mesmo tempo, racionalmente, sei que não é possível fazer esta escolha.
Também não a faço porque esta seria uma opção egoísta. A vida de cada um de nós significa, compõe a vida daqueles que nos amam. Eu me sinto extremamente amado e querido pelas pessoas que me cercam, sobretudo pela minha esposa e meus pais. Em dias como hoje, vivo mais por eles do que por mim.
Rejeito as explicações religiosas e dogmáticas sobre a vida. Não me convenço de que o sexto filho numa família pobre e desestruturada é uma vontade de Deus. Precisamos fazer um debate maduro sobre o direito à eutanásia e ao aborto (tema que regrediu horrores na última campanha presidencial). Com essas reflexões ocupo minha cabeça, e vou continuar fazendo isso depois que terminar este texto jogando xadrez na internet, minha válvula de escape.
Chega, está bom. Desculpem se fui indiscreto hoje, expondo demais minha vida particular. Mas escrever essas linhas é também outra forma de "descansar" a alma e acalmar o espírito. Obrigado, me sinto um pouco melhor, são 08h24 da manhã.

6 comentários:

  1. ---------- Mensagem encaminhada ----------
    De: Vinicius Garcia
    Data: 29 de abril de 2011 15:11
    Assunto: Re: novo texto
    Para: Eurico Duarte



    Fala Euricão,

    valeu cara, obrigado! Vou continuar escrevendo sim...e quando der marcamos uma pizza de novo.

    Abração,
    Vini.


    Em 29 de abril de 2011 12:00, Eurico Duarte escreveu:


    Fala Vini,

    Da última vez que nos encontramos me lembro que vc reclamou destes incômodos.
    Mas o que ainda me impressiona é sua coragem de tratar abertamente destes temas e a maneira serena que o faz. Continue escrevendo que estamos aqui lhe acompanhando.

    Forte Abraço,
    Eurico.

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  2. ---------- Mensagem encaminhada ----------
    De: Vinicius Garcia
    Data: 29 de abril de 2011 17:16
    Assunto: Re: novo texto
    Para: Waldir Quadros



    Caro Waldir,

    tudo bem, já está dito. Muito obrigado e vamos em frente!

    Um grande abraço,
    Vinicius.


    Em 29 de abril de 2011 16:49, Waldir Quadros escreveu:


    Bom Vinicius, tentei pela manhã colocar um comentário, mas não consegui. Não sei se fiz algo errado, mas apareceu uma mensagem de ajuda e não estou sabendo como proceder. Vamos ver se quando o Daniel chegar ele resolve.
    Mas o que eu queria dizer é o seguinte: "Sem comentários, só um grande abraço. Torcendo para que estas nuvens escuras passem logo."
    Waldir

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  3. ---------- Mensagem encaminhada ----------
    De: Vinicius Garcia
    Data: 2 de maio de 2011 10:53
    Assunto: Re: novo texto
    Para: Thiago Forti Moltocaro



    Forti,

    às vezes não importa o que escrever, basta escrever!

    Obrigado e vamos em frente.

    Abração,
    Vini.


    Em 29 de abril de 2011 20:57, Thiago Forti Moltocaro escreveu:


    Vini,

    Não sei exatamente o que te escrever mas o que importa dizer, agora, é que estou - realmente - gostando muito de seu blog!!! Engraçado: não consigo expressar exatamente o quanto, mas tenha certeza que suas palavras tem sido acompanhadas, fielmente!!!

    Beijão pra você!!!
    Forti

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  4. ---------- Mensagem encaminhada ----------
    De: Vinicius Garcia
    Data: 29 de abril de 2011 11:32
    Assunto: Re: texto
    Para: ml-garcia



    pode tudo mãe!!!!!!!!

    Bjs, também te amo muito, Vi.


    Em 29 de abril de 2011 11:08, ml-garcia escreveu:




    Sem palavras para comentar seu texto. Elas seriam "vazias" como a sua dor.
    Só posso dizer que entendo você e pedir que procure motivos para continuar. Posso pedir?
    Ah! Posso também reafirmar meu amor por você e não pedir nada. Posso?
    Bjs




    --


    Vinicius Gaspar Garcia

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  5. ---------- Mensagem encaminhada ----------
    De: Vinicius Garcia
    Data: 2 de maio de 2011 10:58
    Assunto: Re: SANDRA
    Para: Sandra Mendonça



    Sandrinha, Pedro e Celo,

    muito obrigado! É verdade, temos mesmo que conseguir controlar a ansiedade, respirar fundo e ir em frente.

    Eu sei que não convivemos tão próximos, mas também amo vocês e sei que posso contar com vocês como minha família!

    Abraços e bjs,
    Vi.


    Em 30 de abril de 2011 18:34, Sandra Mendonça escreveu:


    Vi, às vezes nos sentimos assim..., exatamente como vc escreveu! Pelo menos emocionalmente..., apesar de não apresentarmos as mesmas limitações que vc.
    Estas sensações de parestesia e coração batendo fortemente estão associadas a ansiedade, medo..., tente identificá-las e suprimi-las pq vc pode viver a vida inteira sem nunca ter um AVC, e que importancia e papel estas sensações terão na sua vida? Somente as que vc atribuir!!!!!.
    Eu, às vezes qdo ando na rua sozinha e sinto-me mto mal, penso...., se tenho que conviver com isto, vou fazer da melhor maneira, para evitar a tomar novamente antidepressivos, ansiolíticos. Sigo as orientaçoes do psiquiatra: "Mto dos nossos sentimentos, são exacerbados em decorrência da ansiedade e medo, então..., se vc tem 40 anos e pretende viver o dobro, encare-os como parte de sua vida e supere-os pq eles são mto mais fruto da imaginação, do que reais. E ninguem pode viver com medo tanto tempo... "
    Sei que no seu caso existe um fator físico associado, mas não se impressione com o que o médico falou, eles adoram fazer conjecturas.
    Amamos vc
    Sandra, Pedro e Celo

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  6. ---------- Mensagem encaminhada ----------
    De: Vinicius Garcia
    Data: 3 de maio de 2011 10:08
    Assunto: Re: Comentário
    Para: Lilia Pinto Martins



    Prezada Lilia,

    mesmo à distância, você percebeu aquilo que eu sentia. Começei o texto dividido e angustiado, mas na medida em que escrevia, me acalmei. Sem dúvida porque pude absolver o que está acontecendo, ou seja, a possibilidade continuar mesmo com as dores físicas e os desconfortos variados.

    Seguimos. Tudo de bom para você!

    Um grande abraço,
    Vinicius.

    Em 2 de maio de 2011 17:41, Lilia Pinto Martins escreveu:




    Vinicius

    Seu texto “Descansar”, de 29 de abril, trouxe uma proximidade com uma inquietação que também me atinge: como abordar aspectos pessoais, sem cair num clima confessional, que expõe uma intimidade que desejamos preservar. Por várias vezes, já vivenciei este impasse que me fez recuar, para não me expor. Você prosseguiu e acabou falando de um desejo de “descansar” em momentos como este, em que você talvez se sinta aturdido, tendo que dar conta de experiências corporais que trazem tantos desconfortos e angústias. E ao prosseguir, eu creio que você pode deparar-se com um “descanso” que não vem de um sentido de desistência, e sim de uma possibilidade de absorver as angústias, para transformá-las em movimento. Foi sua maneira de tomar contato com o momento atual, com todas suas inquietações, para acalmá-las dentro de si e prosseguir em seu percurso.

    Abraços

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